Lana Maciel
1 min readDec 5, 2018

Lâmpadas, germes e suculentas

gravaria o instante se pudesse
rebentou no meu peito um disco
aquele branco do Caetano
ao te ver descendo a 13 de maio
lembrei da amoreira em sua casa
do seu hidratante com cheiro de goiaba
estou comprando lâmpadas, eu digo
encabulada com o peito aceso
você muito atenta à mudanças
pergunta quando passei a não cuidar
das unhas (e de mim, eu penso)
digo que comecei a roê-las e tudo bem
você com seu sotaque virginiano
diz que não aprova colônias de bactérias
e eu rio dizendo
bem que você gostava dos meus dedos
o silêncio entre nós revira velhos medos
eu sempre atropelo tudo
por favor não vamos ter recaídas
mudamos para filmes de ação
com lésbicas protagonistas
 só mais um corte entrenós
teus olhos quentes cruzam os meus
velozes e furiosos das fanchas
pode exalar sensualidade
perdoe-me os excessos ainda escrevo
em vermelho mas não com os lábios
ainda cuido da tua babosa
tornei-me mãe de plantas admiro
a força das suculentas
em outra vida quero ser planta
mas tudo bem se for fancha
outra vez não me importa
quero amar outra mulher
como amei você.

Lana Maciel

Educadora, poeta e artista visual. Publicou “Esôfago” em 2018 pela editora Urutau.